Será que a ciência ainda é um mundo só de homens?

Será que a ciência ainda é um mundo só de homens?
Photo by Julia Koblitz / Unsplash

Desde o ano 2015, e por iniciativa da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que se celebra a 11 de fevereiro o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. Neste dia, decidimos, então, ir à procura de alguns factos sobre a presença que elas têm no mundo científico.

Durante décadas, a área da ciência era maioritariamente dominada por homens. No entanto, e apesar desta supremacia ainda existir, o número de mulheres cientistas tem vindo a aumentar progressivamente nas últimas décadas. De acordo com o artigo More women than ever are starting careers in science da revista Nature, a probabilidade de uma mulher iniciar uma carreira enquanto investigadora é maior do que há 20 anos.

Diversos estudos têm demonstrado que existem cada vez mais mulheres em empregos científicos (cerca de 33%, segundo o Diário de Notícias), destacando-se Portugal, enquanto segundo país da Europa com mais mulheres inventoras (cerca de 27%, de acordo com o Instituto Europeu de Patentes). Apesar disto, a desigualdade de género – na faculdade, no momento de contratação profissional, no salário que é atribuído e no reconhecimento dado - ainda permanece.

Segundo um artigo publicado no jornal Microbiology and Molecular Biology Reviews, foi realizado um estudo (no ano de 2018) no qual se verificou que, entre mais de 2000 ofertas de emprego destinadas a estudantes universitários, os candidatos do sexo masculino tinham uma probabilidade duas vezes maior de serem chamados para o cargo do que as candidatas do sexo feminino com as mesmas notas. Para além disto, no mesmo artigo, podemos confirmar que a nível salarial, no ano de 2016, e na área da saúde, os homens ganhavam mais 19,878$ por ano do que as mulheres nos Estados Unidos da América.

Há vários aspetos que urgem ser mudados para alcançar uma realidade em que as oportunidades e o sucesso são garantidos, independentemente do género de uma pessoa. O primeiro passo para atingir essa realidade pode ser dar a conhecer o papel de uma mulher à comunidade científica e Jess Wade já começou esse caminho. Formada em Física pela universidade Imperial College London, Jess Wade, de 34 anos, é investigadora e tem vindo a distinguir o trabalho de diversas mulheres cientistas, menos conhecidas, através da publicação de mais de 1800 biografias na Wikipédia. Em entrevista à revista Physics Today, Wade confessa que se apercebeu do poder da Wikipédia, enquanto fonte de referência, mas também das suas falhas de conteúdo acerca de pessoas oriundas de grupos “historicamente excluídos”, como as mulheres. Por esta razão, decidiu dar a conhecer e celebrar os feitos destas pessoas.

Através dos factos acima mencionados, podemos aferir que tem vindo a ocorrer uma evolução positiva ao longo do século XXI no que toca à representatividade da mulher no mundo da ciência mas existe, ainda, um longo caminho a percorrer para que as mulheres possa ter as mesmas oportunidades que os homens.