Cláudia Lucas Chéu: “(A discriminação) acontece muito mais vezes do que as pessoas imaginam”
Inicialmente conhecida do grande público como atriz de televisão, Cláudia Lucas Chéu, de 45 anos, conta com uma vasta carreira profissional nas áreas da escrita, encenação, dramaturgia e ensino. Desde cedo que a vocação para a escrita e representação se manifestou na sua vida, acabando por entrar para o curso de Línguas, Literaturas e Culturas da Universidade Nova de Lisboa e, mais tarde, para o Conservatório de Teatro.
Apesar de a literatura e o teatro andarem sempre de mãos dadas no seu percurso, Cláudia confessa, no Podcast Gender Calling, que é na escrita que se sente mais ela própria: “Trabalhei muito tempo como atriz profissional e (nessa fase) a escrita e a encenação eram coisas pontuais. Depois, aos 30 e poucos, comecei a escrever mais e deixei de trabalhar como atriz. Percebo que (a escrita) é aquilo que está mais próximo de mim. (…) Na escrita há uma junção de todas as coisas que me interessam de uma forma muito mais livre e que é só da minha autoria.”
Interessada nos temas do feminismo e da desigualdade de género, Cláudia Lucas Chéu revela que foi após o nascimento da filha que sentiu uma maior urgência em utilizar a sua voz para falar sobre estas questões, recorrendo à sua arte para quebrar tabus e enaltecer as mulheres: “Nós (mulheres) estamos muito longe de ter igualdade a todos os níveis, portanto, para mim faz sentido - e no caso da poesia porque é uma linguagem que me interessa - fazer um manifesto em que elogio as características da mulher”. Segundo a entrevistada, a desigualdade de género manifesta-se de diversas formas, como por exemplo, na falta de mulheres na direção de teatros, na realização, encenação e também nos cargos de liderança em editoras.
Numa conversa aberta, Cláudia conta-nos como foi apaixonar-se por uma mulher e de que maneira lidou com todas as emoções que sentiu na altura: “Nós temos uma educação heteronormativa muito sólida e, quando isto acontece a alguém que até à data não tinha tido uma relação homossexual, há ali um problema de culpa, uma sensação de que estás a fazer algo de errado, que é difícil de ultrapassar. (…) Quando consegui dar essa volta, houve qualquer coisa que se dilatou. É a mesma palavra (amor) que se expressa de várias formas”. Para além disto, Cláudia partilha dois episódios de homofobia que viveu em Lisboa, juntamente com a sua namorada, e descreve como reagiu. Uma entrevista em que se fala sobre a vida e o amor.
Entrevista disponível no Podcast Gender Calling (em todas as plataformas).