Primeira-dama de Cabo Verde: "Eu orava a Deus para poder dedicar-me só às causas sociais"

Primeira-dama de Cabo Verde: "Eu orava a Deus para poder dedicar-me só às causas sociais"
Débora Carvalho, no seu gabinete na Presidência da República durante a entrevista com o Gender Calling, na cidade da Praia, ilha de Santiago (capital de Cabo Verde)

Débora estava a fazer mais uma das suas ações voluntárias de apoio a animais de rua quando conheceu José Maria Neves. Na altura ele era primeiro-ministro de Cabo Verde (estava no final do terceiro e último mandato) e, pouco depois, tornou-se também companheiro de Débora Katisa Carvalho.

Passados 6 anos, José Maria Neves é agora Presidente da República (eleito em outubro de 2021) e, automaticamente, Débora tornou-se Primeira-dama. Na altura da eleição, Débora era diretora-geral da empresa CV Móvel. Optou por deixar o cargo e dedicar-se inteiramente às causas sociais: "Eu sou cristã e sempre orei a Deus para me dar uma oportunidade. Mas nunca passou pela minha cabeça que seria por esta condição", conta ao Gender Calling.

Licenciada em Gestão, mestre em Marketing e doutoranda em Alterações Climáticas e Desenvolvimento Sustentável, sempre fez questão de se dedicar aos estudos: "A minha prioridade até ao ensino secundário era estudar para conseguir uma bolsa para a faculdade. A ideia de poder ter sexo e engravidar para mim estava fora de questão". A postura custou-lhe algum bullying na adolescência: "Alguns colegas gozavam: 'Ela está a guardar a virgindade para quê? Vai levar para a casinha branca?'", recorda.

Sobre o problema que mais a preocupa no país, Débora é direta: o abuso sexual de crianças. “Nós já tivemos situações de bebés de 9 meses a serem agredidas sexualmente. Com penetração", revela.

Entrevista disponível no Podcast Gender Calling (em todas as plataformas)