Inês Alexandre: “Eu acho que atingi o patamar de ser mulher há pouco tempo, porque antes era 'a miúda'”

Inês Alexandre: “Eu acho que atingi o patamar de ser mulher há pouco tempo, porque antes era 'a miúda'”

Com vários anos de experiência na área do impacto social, passando pelos cargos de diretora executiva do Movimento Transformers e de chefe do ecossistema digital na Academia Girl MOVE, Inês Alexandre teve de lidar, ainda assim, com os preconceitos por ser mulher e jovem.

Os "transformers", que trabalham com jovens em situação vulnerável, começaram sem recursos financeiros, físicos e humanos, conta. Durante os seus primeiros cinco anos na associação, Inês revela que sentiu que era muito difícil serem "levados a sério" por serem "vistos como miúdos” – embora já tivessem mais de 20 anos. “No mundo profissional, quando vais vender projetos e entras numa empresa com um aspeto super jovem, de sapatilhas e mochila às costas, demoras muito tempo a adquirir a confiança daquelas pessoas”, explica no Podcast Gender Calling.

A adicionar ao estereótipo de ter “menos competência” por se ser jovem, existe ainda a condição do género, que afeta a avaliação das pessoas quando se está a tratar de causas sociais: “A mulher vai vender 'assistencialismo' e o 'coitadismo'”, é “mais um projeto fixe para ela ocupar o tempo” e “os pais devem
estar a pagar-lhe as contas para ela estar a fazer isto”, descreve. Todo um rol de coisas que não são verdade, garante a empreendedora, mas só por se ser mulher, é colocada essa etiqueta à partida. “Eu acho que atingi o patamar de ser mulher há pouco tempo, porque antes era só 'a miúda'”, sintetiza Inês.

Uma conversa sobre o atual mundo do trabalho da geração adulta jovem, a
importância de colocarmos as necessidades pessoais em primeiro lugar e sobre o que é viver com ansiedade. Distinguida como uma das 100 empreendedoras sociais de relevo pela Comissão Europeia em 2022, Inês Alexandre foi mais uma convidada do Podcast Gender Calling a partilhar honestamente experiências pessoais, dicas de carreira e informação útil para todas e todos.

Entrevista disponível no Podcast Gender Calling (em todas as plataformas).