Conceição Zagalo: "Senti que as oportunidades não eram as mesmas"

Conceição Zagalo: "Senti que as oportunidades não eram as mesmas"

Depois de uma carreira de quase quatro décadas na IBM, onde acumulou experiências em várias áreas e em alguns países, Conceição Zagalo dedica agora os seus dias à gestão associativa, a atividades docentes, à consultoria em organizações do terceiro setor, às causas, aos temas de género, ao empreendedorismo social, entre outras atividades. Das diversas distinções recebidas ao longo da sua vida, releva a que lhe foi atribuída pela Amnistia Internacional, juntamente com outras vinte e cinco mulheres em todo o mundo, pela sua especial dedicação às causas sociais. Nasceu a 13 de outubro de 1952, é casada, tem duas filhas. A comunicação e a cidadania sempre foram o seu fascínio, e foi aí que residiu a sua escolha na hora de encetar um novo capítulo de vida. Conceição partilha no "De interesse público" como despertou para a desigualdade de género e a lição que sempre orientou a sua carreira.


Eu não seria eu sem...
Pessoas, sem trabalhar, sem fazer arrumações e sem planear.

As qualidades essenciais para o meu sucesso são…
Dedicação, visão, empenho, humildade, capacidade de escuta, trabalho em rede e persistência.

O livro feminista que toda a gente devia ler é…
Mulheres Livres, de Maria de Belém Roseira

Eu já desejei ser um homem quando…
Em circunstância nenhuma. Não me trocaria por nada desta vida.

As características que mais aprecio nas mulheres são…
Simplicidade, transparência, genuinidade, emocionalidade, sentido estético e inteligência.

A minha primeira memória é…
De bebé, com os meus pais e os meus irmãos numa ida à praia da Nazaré.

Um talento meu secreto é...
Fazer arroz doce como ninguém :)

O maior obstáculo que já ultrapassei foi…
Ainda em criança ter que me fazer à vida e fazer valer o meu lugar num contexto familiar de duas irmãs mais velhas para um lado e dois irmãos para o outro. Em suma, ultrapassar o estigma de filha do meio sem verdadeiramente o ser.

O meu maior medo é…
Desiludir os que confiam em mim, desiludir-me a mim própria.

A figura histórica com que mais me identifico é…
Sem presunção e com as devidas distâncias, Madre Teresa de Calcutá.

O ponto-chave que me fez despertar para a desigualdade de género foi…
Sentir que as oportunidades e a compensação não eram as mesmas para elas e para eles.

O que mais gosto no meu trabalho é…
Superar-me no meu empenho e desempenho.

Um local feminista que recomendo é…
Um espaço de lazer sofisticado com shopping, local de leitura, e conforto por perto para um bom chá com uma boa amiga.

A palavra que mais digo é…
Vamos a isso!

Uma coisa que toda a gente pode fazer para contribuir para a valorização das mulheres é…
Louvá-las pelas suas enormes capacidades de mukltitasking e de sensibilidade única.

Eu sinto-me no meu melhor quando…
Tenho tempo para mim, quando estou com filhas e netos, quando viajo, quando leio com tranquilidade.

Uma lição que aprendi e que levo para sempre é…
"The more you ask the more you get". Afinal é este o meu grande lema de vida.